escrevo
 Escrevo, escrevo primeiro o que sinto, o que quero e não quero...
Escrevo e espero que as coisas mudem, que sejamos todos mais
felizes um pouco, e por pouco que seja, que seja eterno...
Num tempo em que tudo passa tão rápido, em que tudo é tão frio 
e esquecido num ápice, e por força e efeito vivemos tão pouco,
amamos tão pouco, damos e temos tão pouca atenção, tão pouco 
carinho, tão pouco calor num abraço, um sorriso que nos faz crer 
que somos tudo... e logo de seguida fazem-nos sentir um estranho...
Mas isso não chega, porque o que dura é o desgosto, que o Sonho 
de um dia vivermos em paz, amor e em concílio com a natureza, 
poderá não vir a acontecer...
Neste mundo que todos fizemos, é como uma condenação, 
uma afronta ao que subsiste, ao poder, ao possuir algo (e que 
já inclui o próprio ser humano), é alguém continuar a acreditar
no outro... 
Eu vou ser condenado, porque quero amar a vida inteira, 
nem que seja a solidão, o espaço vazio, o silêncio, as folhas já caídas 
pelo chão da rua, a chuva, o mais simples, o mais humilde... 
Serei condenado por acreditar nas palavras dos outros,
nos sentimentos dos outros, nas suas lágrimas e no seu penar...
ou nas diferenças, apenas porque me fazes sentir acima de tudo 
o que é mau e governa o mundo, e a casa de todos...
Estamos todos juntos nisto...
Oxalá não caiamos na tentação de uma versão alternativa e
falsa para enganar os nossos filhos, sobrinhos e netos, sobre o 
verdadeiro significado da palavra Ilusão, Sonho, Mentira, verdade,
Amor, Amar, Amo-te, Amizade, Gostar mesmo, Simplicidade,
Humildade, Felicidade, Principios, Ideais...
Estamos a por em causa a essência da alma, 
da razão pela qual fizemos isto, 
isto o mundo, a por em causa a vida de cada um, seja em que lugar for...
Estamos algures entre o início e o fim outra vez...
Estaremos nós a agarrar a vida ou a deixá-la fugir?
A resposta estará na consciência de cada um, felizmente...
Esse lugar em nós onde somos realmente livres, 
e realmente prisioneiros...

<< Home