grito de expressão

Perdemos o céu,
as cores das nuvens...
os despertares dos dias, a hora dos amantes...
o encanto das ondas,
o significado do estar vivo...

Perdemos o vôo das aves
enquanto percorriam o mundo,
Perdemos o sol quando era noite,
fechamos o tempo com os barulhos das guerras,
e então sairam os gritos, os choros das horas
que deixamos perdidas, por viver, por coisas fúteis,
coisas que pouco ou nada têm a ver com o coração...
coisas que se revelaram fóbicas,
um modo estranho de estar vivo...

Pressão, pressão, pressão...
falta de ar, falta de pulso, batimento cardíaco,
momentos seguidos a dormir,
DESCANSEM!!!
que isso havemos de ter... já está escrito, já é nosso,
vai mesmo acontecer...
A MORTE!!!
por isso CALMA!!!
tenham aquilo que são, e não sejam aquilo que possuiem...

bem no alto

Procurar o silêncio nas montanhas,
onde vive a calma e a paz de tudo...
onde os animais realçam a bondade,
a ternura dos seus cânticos...
Onde tudo pode ser eterno e possível...
talvez mesmo uma vida...

Uma dádiva da natureza que nós vamos matando,
espaços que não queremos, da maneira que são,
e por isso alteramos corrompendo a sua essência...
Onde existem as verdadeiras noites de frio e aconchego,
instantes únicos, de solidão e reencontro...

Por entre as árvores,
existem aberturas onde a loucura não entra,
e a candura dos lábios sobressai,
tal e qual os raios de sol, tão compridos como os ramos,
tão longos como os troncos,
vem do alto até onde as árvores vão...

E como se fosse no som das teclas do piano,
chegam as primeiras gotas de chuva... ainda Verão...
que tal como elas, tilintam e brilham a olho nú...
mas por dentro, bem dentro, em nós, fazem-nos
sonhar alto, na calma do amor puro e singelo...
entre todos, de todos, para todos...

Tudo se encontra e tudo se perde num filão de ouro...

trivial

E aqui estamos, um a um,
cada qual com os seus pensamentos,
procurando o hoje e o amanhã,
falando com estranhos e conhecidos,
dando-lhes nomes...
a mim, a ti, a todos, a tudo...