Wednesday, September 21, 2005

tudo muda

De todas as pessoas que conheci, de todas elas roubei, ou seja recebi alguma coisa…
Uma música, um som, um olhar, um toque, um espaço para viver, uns instantes, alguns momentos, meses ou talvez anos… com todas elas sonhei assim tão rapidamente…

Por isso poupa o teu fôlego, por isso partiste-me ao meio, como que em devaneio chegou o Inverno vindo directamente… de alguém… que caminhou algo que traçamos juntos, outrora a horas de distância, quilómetros de nenhur (onde não mora ninguém)…

Por isso poupa o teu fôlego, e sobrevive a ti próprio e resulta no melhor, como tu quiseres, de todas as cores, orquestras e maestros, as mãos que já te percorreram o cabelo… sai e vive por ti e esclarece os teus olhares, define o teu movimento, o batimento do teu coração…

Em todas elas eu fiquei, enquanto chovia, enquanto escurecia e fazia frio, assim sem ti… e um sorriso me abraçava, vindo de um estranho e de repente parecia nosso destino, mas eu viro as costas e vejo todas as cenas como se já tivessem sido gravadas antes, atracção, sexual, feroz e extremamente calado no seu silêncio… e um amanhã de mistério iria nascer todos os dias… tudo aquilo era novo, tudo aquilo era estranho e no entanto eu amei-te, assim sem dizer nada, tentando descobrir como poderia amar-te mais, e mais, e mais um pouco…

Agora tudo está no seu lugar, já tudo resolvido…
Por isso, eu não posso viver sem um sonho…
Por isso chega de corações partidos, pois eu terei de te dizer… que a minha vida foi encontrada… juntos dos canaviais do outro lado do mar quando o vento ainda soprava o seu último segredo…

E pouco depois beijei-te antes de te ver chegar, pouco antes de te olhar, senti a tua presença…
Por isso, não te esqueças que tu tinhas razão, quando me disseste que do outro lado do rio o sol é de todos quando chega a hora de sentir… essa aventura sobre o estar vivo, ou sobrevivendo apenas, chama-se medo… essa estranha porta por onde passei, não me lembro quando, nem da hora sequer quanto mais… como…
Mas eu passarei sempre por aqui, pela frente da tua casa, revejo o teu jardim e ficarei uns instantes parado á tua porta, e entro no hiperespaço, não sabia que existiam tantas imagens na nossa memória, gravadas tanto tempo assim… e porque precisarei sempre de um amigo… mesmo que tu não estejas, mesmo que finjas não estar ou não queiras falar… e nem precisavas de saber o que dizer, era tão fácil…

Como estarei eu vivo se só me deixaram, assim… com metade do corpo…
Procuram por mim e gritam “-Onde estás tu?!!!”.
E eu respondo: “- Aqui, á tua espera, sentado misteriosamente do lado dos bons, momentos que passamos juntos.”

De todas as pessoas que conheci, chorei, e sorri longos momentos…
Quando despertamos hoje ainda pela manhã… e despertamos ainda nesta vida, cheia de rejeições e atropelos, e nunca está lá ninguém para ver… porque agora, não há nada, nem ninguém que possa fazer alguma coisa…afinal estavas tu…

Como posso eu tocar-te da mesma maneira,
Queres saber de que sou feito, pelo erro que cometi… desculpa mas isso não é o suficiente para tu tirares de mim esse mundo que eu sonhei, desde o inicio…

Agradeço a todas as pessoas por estarem sempre tão presentes quando não está ninguém em casa… quando caminho sozinho rua abaixo…
De todas as pessoas, procuro aquela que quiser ficar só alguns momentos, do outro lado da porta, antes de entrar… e numa dança descobriremos um olhar diferente de todos os outros, essas mãos com a forma das minhas, onde cabia direitinho o meu coração…

Diz-me, ontem quando não estavas comigo sentiste saudades minhas?
Ouviste… eu chamei-te, e se procurares bem entre os espaços, encontrarás restos do passado, que seria bom esquecer… palavras por dizer, e que já não dizem nada… por que já não têm som, ou estão demasiado velhas para se perceber…

Só é preciso algum descanso para depois se ser encontrado de novo, neste desespero de não se saber como vai ser o amanhã, já outro dia… estaremos ainda por cá para continuar o sonho que um dia foi? infelizmente nem para todos um dia será…

De todas as pessoas que conheci, lembrar-me-ei sempre de ti...